segunda-feira, 3 de outubro de 2011


CIBERESPAÇO, CIBERCULTURA, CYBERBULLYING

As tecnologias digitais e a profusão das redes interativas têm causado impactos nas práticas, atitudes, modos de pensamento e valores dos indivíduos na sociedade contemporânea. Essa tecnologia trouxe mudanças nas vidas e rotinas das pessoas, tem gerado uma nova cultura, a Cibercultura, nome dado pelo filósofo francês Pierre Lévy (2000, p.17)[1], estudioso das interações entre a sociedade e a internet; o lugar para esta nova cultura é o ciberespaço:

O ciberespaço (que também chamarei de ‘rede’) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo ‘cibercultura’, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.

Assim foi com o jornal, o rádio, a televisão, atualmente a internet vem modificando o hábito dessa sociedade, hoje, há um paralelo à sociedade propriamente dita, existe uma sociedade virtual. Uma sociedade movida por meio das novas tecnologias.

As pessoas vivem uma vida virtual com namoros online, algumas mantém seu círculo de amizade pela internet, namoram, outras compram, trabalham e ganham dinheiro pela internet, estudam, escrevem bilhetes, cartas, pesquisam, esta modalidade de comunicação que as pessoas vivem é Cibercultura.

Da palavra cibernética deriva as palavras não tão comuns no nosso dia a dia, como ciberworld, ciberspace, cibercultura, ciberbullying etc., encontramos as seguintes variáveis na grafia: cyberbullying, cyber-bullying, ciber bullying ou cyber bullying. Optamos para este trabalho a palavra: cyberbullying.

Cyberbullying é uma versão do bullying com agressão verbal e escrita por meio eletrônico, através do celular e do computador, a vítima recebe mensagens ameaçadoras, conteúdos difamatórios, imagens obscenas, palavras maldosas e cruéis, insultos, ofensas, extorsão, etc. numa dimensão poderosa onde o número de espectadores na internet pode alcançar, em segundos milhões de usuários.

O termo Mobilebullying, diz respeito a qualquer perseguição, causada com o uso das novas tecnologias telefonia móvel (celular). Hoje os celulares possuem SMS (mensagens de texto) e (torpedos), transmissão por Infra-vermelho, Bluetooth (serviço que permite a troca de informações entre os aparelhos de celular, sem uso de créditos), filmadora e máquina fotográfica.

Muitas vezes, o mobilebullying se torna cyberbullying, pois as informações são transmitidas do celular para a internet, pois hoje, muitos celulares têm acesso a internet. Existem grupos que se reúnem pela internet, para vitimar alguém. Existem comunidades criadas para falar mal de um determinado indivíduo. Os "amigos" criam tópicos na comunidade da escola falando mal deste jovem, ou humilha-o por meio de e-mails ou recados nos sites de relacionamento como Orkut, Facebook, Twiter, Myspace, blogs, websites, fotologs, videos no youtube ou por transmissões eletrônicas instantâneas como Messenger, chats etc.

Para não serem identificados os internautas criam Fakes (perfil falso) na internet para ameaçar as vítimas, porém é possível descobrir quem são os tais Fakes, veremos mais adiante na legislação e na jurisprudência.

Estas ferramentas tecnológicas começaram a ser usadas, no cyberbullying, recentemente, ainda é pouco abordada pela mídia, dentro de casa e na escola. Lentamente está entrando nos ouvidos da opinião pública. Esta é uma situação que ainda permanece na penumbra, num território que só é desvendado quando se pesquisa sobre a matéria ou no pior, quando essa prática do cyberbully entra dentro da sua casa.

O agressor usa as mesmas ameaças e ações do bullying, exceto que a vítima não apresenta provas reais, as marcas visíveis nas roupas rasgadas, objetos e dinheiro que somem ou ferimentos físicos devido ao ambiente virtual, mas, fica mais fácil para os pais detectar os sinais na vítima/filho pela atitudes dele quando parecer nervoso, triste, amargurado, infeliz a ponto de se isolar da própria família depois de usar o computador ou depois de ver mensagens ou receber um telefonemas pelo celular.

Maldonado [2] conta uma história de ficção em seu livro, exemplificando como é a vida de uma jovem que fica na madrugada acordada com seus amigos na rede e acaba sendo vitimada pela ação dos bullies no cyberbullying juvenil.

Veja matéria, publicado no site[3] da psicóloga Maria Tereza Maldonado, que caracteriza muito bem o cyberbullying:

O bullying se caracteriza por ações repetitivas de agressão física e/ou verbal com a clara intenção de prejudicar a vítima. O cyberbullying é ainda mais terrível, porque a perseguição é implacável, podendo chegar a 24 horas por dia nos sete dias da semana: a vítima é atacada por mensagens de celular, filmada ou fotografada secretamente em situações constrangedoras que podem ser colocadas na rede; o agressor pode criar um perfil falso da vítima em sites de relacionamento para difamá-la ou adulterar fotos em que, por exemplo, ela aparece como garota de programa, com seu celular divulgado nas listas de contato do agressor e de seus amigos.

O lar já não é um lugar de refúgio, essa violência invasiva ramifica, acompanha e ameaça os estudantes até fora da escola, sai da escola, vai para a rua, no transporte escolar e chega em casa.

O perigo de sua natureza anônima é a rápida difusão e alcance mundial, é caso para aprofundar os estudos em busca de informações sobre a repetibilidade desta ameaça se podemos caracterizá-la como bullying após quantos dias, devido sua ação de vinte e quatro horas, no decorrer de algum tempo causando transtornos emocionais e psíquicos por causa do tormento e da perseguição.

Vale à pena registrar o paralelo de agressão usando a ferramenta antiga e a ferramenta nova: a virtual, nesta citação que Calhau (2009: p. 39)[4] fez em seu livro:

A internet é um instrumento muito importante para o desenvolvimento da humanidade, e tal qual o avião, pode ser utilizado tanto para o bem como para o mal. As agressões por meio eletrônico são uma evolução das antigas pichações em muros de colégios, casas ou até nos banheiros das escolas. Eram feitas na calada da noite e causavam grande dor para as vítimas, além da impunidade para os seus praticantes.

Hoje, os “lobos” mudaram os métodos, mas não as práticas.

Interessante também a citação de Calhau, referindo-se a Rodrigo Nejm, psicólogo e diretor de prevenção da SaferNet Brasil[5], na comparação:

“No mundo real, a agressão tem começo, meio e fim. Na internet, ela não acaba, fica aquele “fantasma ””...


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